Arpilleras do MAB representam o Brasil em exposição internacional na Áustria
A exposição “Arpilleras do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)” teve início na quarta-feira (01/10/2025), em Viena, na Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida (Universität für Bodenkultur Wien). A mostra reúne 15 peças produzidas por mulheres atingidas de diversas regiões do Brasil, que expressam vivências relacionadas às mudanças climáticas, à destruição ambiental e à resistência nos territórios afetados por barragens.
Arte e resistência social
Expressão das atingidas brasileiras
De acordo com Maria Madalena de Oliveira, de Itaituba (PA), o trabalho com as arpilleras representa uma forma de expressão coletiva. “As arpilleras são um meio de mostrar nossas angústias e fortalecer nossa luta”, afirmou. As peças são produzidas de forma artesanal por mulheres organizadas no MAB, que utilizam tecidos e bordados para relatar suas experiências de enfrentamento aos impactos ambientais e sociais.
As obras retratam histórias de resiliência e mobilização comunitária e apresentam ao público europeu a realidade das mulheres amazônidas e de outras regiões afetadas. O conjunto exposto inclui 13 peças dos estados do Pará, Rondônia e Amapá, e outras duas oriundas de São Paulo e Rio Grande do Sul, que abordam a crise climática e desastres ambientais recentes, como as enchentes de (2024).
Significado político e cultural
A exposição faz parte do projeto “Justiça Climática para o Povo Amazônico”, desenvolvido pelo MAB em parceria com a Associação de Defesa dos Direitos das Populações Atingidas e Soberania Energética (ADPASE) e apoio da organização austríaca horizont3000, que atua em cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável.
Segundo Jaqueline Damasceno, da Coordenação Nacional do MAB, as obras representam um instrumento de denúncia e sensibilização.
“As atingidas retratam nas arpilleras as violações de direitos e as lutas em defesa do território e da vida. A exposição é um espaço de visibilidade e de diálogo global sobre a Amazônia”, explicou.
Itinerário europeu
Quatro cidades austríacas recebem a mostra
A mostra permanecerá em Viena até sábado (08/11/2025). Depois, seguirá para o Afro-Asiatisches Institut, em Salzburg, entre terça-feira (25/11/2025) e domingo (21/12/2025). Em seguida, será exibida no Haus der Begegnung, em Innsbruck, de segunda-feira (12/01/2026) a sábado (07/02/2026). Por fim, retorna a Viena, na Igreja Votiva (Votivkirche), com encerramento previsto para sexta-feira (20/02/2026).
Cooperação internacional e sensibilização
Para Kristina Kroyer, coordenadora do Programa Brasil da horizont3000, a iniciativa contribui para ampliar a compreensão global sobre os impactos ambientais na Amazônia.
“As arpilleras nos permitem visualizar as experiências das mulheres atingidas e a força com que enfrentam os desafios. Elas reforçam a responsabilidade coletiva diante da crise climática”, afirmou.
A organização austríaca atua com recursos do Ministério Federal da Áustria de Agricultura e Silvicultura, Proteção Climática e Ambiental, Regiões e Economia da Água, além do apoio da DKA-Austria e do Sei So Frei Salzburg.
Acervo digital e acesso público
Arpilleras brasileiras disponíveis online
Desde (2021), o MAB mantém um acervo digital com 190 arpilleras produzidas por mulheres atingidas de várias regiões do Brasil, incluindo 50 novas peças catalogadas em (2025). O público pode acessar o site oficial da organização para visualizar as obras e conhecer as 15 peças que integram a mostra na Áustria, entre elas: Dia do Fogo, Dois Extremos de uma Mesma Crise, Salve a Amazônia, Reassentamento Urbano Coletivo Laranjeiras, Memórias da Enchente e Enchentes no Pantanal.
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Redação do Jornal Grande Bahia