Bairro SIM e sua marcante atuação na época da grande migração em Feira de Santana
O processo migratório no Brasil foi particularmente significativo a partir da década de 1950, com picos durante as décadas seguintes. Feira de Santana, localizada no maior entroncamento rodoviário do Norte/Nordeste, se tornou um ponto de passagem essencial para milhares de nordestinos em busca de uma vida melhor, especialmente com o destino final em São Paulo. O contexto climático e a falta de apoio governamental nas zonas rurais impulsionaram essa busca por melhores condições, com muitos acreditando que o município baiano poderia ser uma etapa para a realização de seus sonhos.
A migração para Feira de Santana aumentou a partir de 1961, quando a Rádio Sociedade de Feira, então sob a gestão dos Frades Capuchinhos, ampliou seu alcance para os estados vizinhos. A rádio passou a divulgar as oportunidades oferecidas pela cidade, o que atraiu um número crescente de migrantes. No entanto, muitos daqueles que chegavam não possuíam recursos financeiros suficientes para seguir em frente para São Paulo e, por isso, optaram por permanecer em Feira, onde começaram a se inserir na vida local.
Atento a essa realidade, o pastor Josué Mello fundou, em 1970, o Serviço de Integração de Migrantes (SIM), que visava oferecer acolhimento e capacitação aos migrantes que chegavam à cidade sem preparação para a vida urbana. Com o apoio de igrejas e entidades internacionais, o SIM ofereceu aos migrantes assistência de 90 dias, incluindo alimentação, saúde, educação e formação profissional. O objetivo era facilitar a inserção desses indivíduos no mercado de trabalho local, prevenindo seu retorno ao ponto de origem.
Ao longo de suas duas décadas de atuação, o SIM atendeu mais de 25 mil migrantes, contribuindo para o fortalecimento da mão de obra em Feira de Santana. A ação recebeu reconhecimento internacional, sendo considerada pelo Conselho Mundial de Igrejas como um dos projetos mais importantes de resposta aos problemas sociais na América Latina. O impacto do SIM foi tão significativo que o bairro onde o projeto estava instalado passou a ser conhecido como Bairro do SIM, um dos mais reconhecidos na cidade.
Com a melhoria das condições econômicas e o aumento da mobilidade social nas décadas seguintes, o fluxo migratório via Feira de Santana diminuiu, tornando obsoleta a necessidade do SIM. No entanto, o legado do projeto persiste, tanto na memória coletiva da cidade quanto nas transformações sociais proporcionadas pelos migrantes que ali se estabeleceram.
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Redação do Jornal Grande Bahia