Especialistas analisam as relações econômicas e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos após vitória de Donald Trump

A eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode redefinir as relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e EUA.

A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos levanta diversas questões sobre o futuro das relações bilaterais entre os dois países, especialmente nas esferas econômica e diplomática. Sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil se prepara para navegar em um cenário de incertezas, diante do perfil protecionista que caracterizou o governo Trump em seu primeiro mandato. Embora a parceria comercial entre Brasil e EUA seja sólida, com os Estados Unidos sendo um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, as políticas econômicas de Trump podem trazer desafios e oportunidades para ambos os países.

Um dos pontos de atenção para a economia brasileira será o retorno das barreiras comerciais, principalmente no setor agrícola. O cientista político Eduardo Grin lembra que, no primeiro mandato de Trump, o Brasil enfrentou dificuldades em razão do protecionismo, com medidas como a imposição de tarifas sobre o algodão, açúcar e soja brasileiros. Com o discurso de Trump focado em proteger a economia americana, é possível que essas barreiras sejam novamente elevadas, o que pode afetar diretamente as exportações brasileiras para os Estados Unidos.

Por outro lado, o economista César Bergo aponta que o protecionismo de Trump poderá impactar também as relações comerciais com a China, que são vantajosas para o Brasil, especialmente no setor agrícola. Caso os Estados Unidos intensifiquem as tarifas sobre os produtos chineses, a China poderá buscar aumentar suas relações comerciais com outros países, incluindo o Brasil. Isso poderia resultar em ganhos comerciais para o Brasil, caso o país consiga ampliar sua participação nesse mercado.

No campo monetário, a política econômica de Trump, focada na redução de impostos e estímulo ao crescimento doméstico, tende a reforçar o dólar, atraindo mais investimentos para os Estados Unidos. A alta taxa de juros no país, usada como estratégia para controlar a inflação, também favorece a valorização da moeda americana, o que pode ter reflexos sobre os fluxos de capital e o câmbio, prejudicando a competitividade das exportações brasileiras.

Outro ponto crucial nas relações Brasil-EUA será a questão ambiental. A postura de Trump em relação ao meio ambiente, marcada pela flexibilização de acordos internacionais e pela defesa do uso de combustíveis fósseis, pode gerar tensões diplomáticas. As críticas internacionais ao Brasil, especialmente em relação ao desmatamento na Amazônia, podem intensificar o embate entre as administrações brasileira e norte-americana, ainda que o governo Bolsonaro, por exemplo, tenha buscado estreitar os laços com Trump.

No setor agropecuário, a política de incentivos aos produtores norte-americanos, conforme adotada no primeiro mandato de Trump, poderá tornar a economia dos EUA mais competitiva no comércio internacional. Isso pode resultar em uma maior concorrência para os produtos agrícolas brasileiros, prejudicando as exportações do Brasil. No entanto, a possível recuperação econômica dos Estados Unidos pode, de forma indireta, trazer benefícios ao Brasil, especialmente no curto prazo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se manifestou sobre a vitória de Trump, parabenizando-o pela eleição e destacando a importância da democracia e do diálogo internacional. A postura diplomática de Lula reflete a necessidade de um relacionamento construtivo entre os dois países, independentemente das diferenças ideológicas e das políticas internas adotadas por cada governo.

Redação do Jornal Grande Bahia

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