Fumaça de queimadas na Amazônia alcança Buenos Aires e afeta grande parte da América do Sul

A densa camada de fumaça, vinda de mais de 5.000 quilômetros de distância, afeta a saúde e pode gerar interrupções no tráfego aéreo.

A fumaça proveniente das queimadas na Amazônia chegou à capital argentina, Buenos Aires, na segunda-feira (09/09/2024), afetando a visibilidade e a qualidade do ar. A origem dessa fumaça está nos incêndios que assolam a floresta amazônica, em especial nas regiões do Brasil e da Bolívia, além de focos no Cerrado e no Paraguai. O fenômeno já cobre mais da metade da Argentina, e estima-se que sua presença se prolongue até o final do inverno. O céu opaco de Buenos Aires, resultado das nuvens de fumaça, pode ser confundido com névoa comum, mas o odor característico de queimado e o desconforto nos olhos revelam a verdadeira natureza do problema.

Os incêndios que provocaram o fenômeno batem recordes, sendo os mais intensos dos últimos 19 anos na Amazônia. Em 2019, a fumaça originada na mesma região já havia alcançado Buenos Aires e Montevidéu, no Uruguai, criando um cenário semelhante ao atual. Cindy Fernández, porta-voz do Serviço Meteorológico da Argentina, explicou que a fumaça, embora não visível em níveis baixos, pode ser vista em altitudes mais elevadas, especialmente em edifícios altos e ao longe. Ela destacou que, enquanto uma frente fria vinda da Patagônia pode dissipar parte da fumaça na capital argentina a partir de quarta-feira (11), o norte do país continuará sob os efeitos das queimadas por cerca de duas semanas.

Além da questão visual, os impactos da fumaça são sentidos diretamente pela população. Problemas respiratórios, irritação nos olhos e nos pulmões, e o risco de complicações para pessoas com condições de saúde preexistentes estão entre os principais efeitos adversos. O Serviço Meteorológico da Argentina emitiu alertas para 16 das 24 províncias do país, advertindo sobre o perigo de partículas tóxicas suspensas no ar. A baixa visibilidade também pode causar interrupções no tráfego aéreo e dificuldades nas rodovias.

No Brasil, o MetSul, Serviço Meteorológico do país, já havia alertado seus homólogos na Argentina e no Uruguai sobre o risco de formação da chamada “chuva preta”. Esse fenômeno ocorre quando a fumaça se mistura à poluição atmosférica urbana, resultando em uma precipitação de cor escura e potencialmente contaminante para rios e mananciais. Segundo o MetSul, grande parte da América do Sul terá o céu alterado, com a visibilidade reduzida e o sol aparecendo nas cores laranja ou vermelho, devido à presença de partículas de fumaça na atmosfera.

Enquanto as condições atmosféricas não mudam, a população deve permanecer atenta aos riscos à saúde. Especialistas recomendam evitar atividades ao ar livre e o uso de máscaras para reduzir a exposição às partículas suspensas. A fumaça representa uma ameaça ambiental e de saúde pública, além de colocar em alerta as autoridades locais sobre possíveis impactos no tráfego aéreo e na contaminação de fontes de água.

Redação do Jornal Grande Bahia

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