Quem é João Durval Carneiro, o prefeito de Feira de Santana que se tornou governador da Bahia e senador da República
João Durval Carneiro nasceu em 8 de maio de 1929, em Feira de Santana, Bahia, e desde cedo mostrou envolvimento com a política de sua cidade natal. Formou-se em odontologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, em 1954, iniciou sua carreira pública ao ser eleito vereador de Feira de Santana. Esse foi o ponto de partida para uma trajetória política que o levaria a ocupar diversos cargos de relevância no cenário estadual e nacional.
Durval exerceu o cargo de vereador até 1962, período em que acumulou experiência e consolidou sua base política. Posteriormente, foi eleito prefeito de Feira de Santana em dois mandatos: de 31 de janeiro de 1967 a 18 de março de 1971, e de 1.º de janeiro de 1993 a 31 de março de 1994. Durante sua gestão, buscou modernizar a infraestrutura do município, com investimentos em saneamento básico, transporte e urbanização, preparando a cidade para o crescimento econômico das décadas seguintes. Essas administrações fortaleceram sua influência política na Bahia, o que o impulsionou para cargos de maior destaque no estado.
Além da atuação como prefeito, João Durval exerceu mandatos como deputado federal pela Bahia em dois períodos, de 1975 a 1978 e de 1979 a 1983. Em 1983, foi eleito governador da Bahia, cargo que ocupou até 1987. Mais tarde, consolidou sua carreira política ao ser eleito senador, atuando de 2007 a 2015.
Contribuições para Feira de Santana
A relação de João Durval com Feira de Santana é marcada por uma atuação significativa e transformadora. Sua gestão à frente do município foi reconhecida pelo desenvolvimento econômico e pela modernização da cidade. Durante seu mandato, um dos marcos foi a criação do Centro Industrial do Subaé, que atraiu investimentos empresariais e impulsionou a industrialização local. Além disso, Durval desempenhou um papel relevante na educação, sendo uma das figuras que contribuíram para a criação da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), fortalecendo a oferta de ensino superior na região.
Seu comprometimento com o progresso e o bem-estar da população de Feira de Santana garantiu-lhe um relacionamento próximo com a comunidade, consolidando sua imagem como um líder que sempre manteve o foco no desenvolvimento regional, mesmo ao ocupar cargos de destaque no cenário estadual e federal.
Mandatos Legislativos: Deputado Federal e a Consolidação da Carreira
A carreira de João Durval no legislativo foi marcada por dois mandatos consecutivos como deputado federal pela Bahia, de 1975 a 1983. Durante esse período, ele ampliou sua atuação política, focando em questões de desenvolvimento regional, com ênfase em infraestrutura e políticas que beneficiavam o interior baiano. Sua atuação no Congresso Nacional fortaleceu ainda mais sua base política no estado e o credenciou para assumir responsabilidades maiores no cenário estadual.
Além da atuação legislativa, Durval também exerceu funções no executivo estadual. Entre 1979 e 1982, foi nomeado Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos da Bahia, durante o governo de Antônio Carlos Magalhães. Essa experiência na administração estadual foi essencial para que ele adquirisse conhecimento técnico e administrativo, o que o preparou para disputar o governo da Bahia em 1982, marcando o ápice de sua carreira política.
Governador da Bahia: Projetos de Infraestrutura e Modernização
Em 1982, João Durval foi eleito governador da Bahia, cargo que ocupou de 15 de março de 1983 até 15 de março de 1987. Durante seu mandato, o estado atravessou um momento de transição para a Nova República, após o fim do regime militar, e Durval buscou conduzir a Bahia por esse período de transformação, promovendo projetos de infraestrutura que visavam modernizar o estado e melhorar as condições de vida da população.
Entre os projetos mais relevantes de sua gestão, destacam-se as iniciativas de eletrificação rural e a pavimentação de estradas, que conectaram regiões anteriormente isoladas, fomentando o desenvolvimento econômico. Outro marco de seu governo foi a criação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), ampliando o acesso ao ensino superior no interior e fortalecendo as universidades regionais. Além disso, Durval priorizou a área da saúde, com a construção de hospitais e a ampliação de serviços em diversas regiões do estado.
Na segurança pública, Durval deu início a um processo de modernização das forças policiais, com a contratação de novos agentes e a construção de complexos de segurança. No setor de transporte, sua gestão foi marcada pela expansão e modernização do Aeroporto Dois de Julho (atualmente conhecido como Aeroporto Internacional de Salvador), além da revitalização de importantes áreas comerciais em Salvador, como o Mercado Modelo.
A transição do governo de João Durval para seu sucessor, Waldir Pires, foi marcada por debates em torno da continuidade das políticas implementadas, especialmente nas áreas de saneamento, infraestrutura e educação. As críticas e os elogios a sua administração foram refletidos no cenário político baiano, consolidando sua imagem como um gestor técnico, voltado para obras de grande impacto.
Retorno ao Legislativo e Atuação no Senado
Após encerrar seu mandato como governador, João Durval voltou ao cenário político nacional e, em 2006, foi eleito senador pela Bahia, exercendo o cargo de 1.º de fevereiro de 2007 a 1.º de fevereiro de 2015. Na eleição, João Durval Carneiro (PDT) obteve 47,61% dos votos válidos com 91% das urnas apuradas, excluindo brancos e nulos, enquanto Rodolfo Tourinho (PFL) ficou em segundo lugar, com 33,65% dos votos.
Durante seu mandato no Senado, Durval focou suas ações em pautas voltadas para o desenvolvimento do semiárido e na defesa dos direitos sociais, priorizando a redução das desigualdades regionais. Sua atuação foi marcada pela defesa de investimentos em infraestrutura, saneamento e saúde, áreas que sempre foram prioridades ao longo de sua trajetória política. Além disso, ele participou ativamente de discussões sobre políticas públicas para o Nordeste, destacando-se como um dos parlamentares que mais contribuíram para a obtenção de recursos federais destinados a projetos de desenvolvimento na região.
Participação em Diversos Partidos e a Adaptação ao Cenário Político
Ao longo de sua carreira, João Durval Carneiro foi filiado a diversos partidos políticos, começando pelo PSD, passando pela ARENA, PDS, PFL, PMN e, a partir de 1998, integrando o PDT. Essa movimentação partidária reflete as mudanças ocorridas no cenário político brasileiro ao longo das décadas e as alianças estratégicas necessárias para viabilizar projetos e mandatos.
Assim como outros políticos de sua geração, Durval soube adaptar-se às transformações da política brasileira, mantendo-se relevante e ativo, mesmo diante de um ambiente político em constante evolução.
A Influência da Família Carneiro na Política Baiana
João Durval Carneiro é casado com Yeda Barradas Carneiro, com quem teve quatro filhas e três filhos, Márcia, Maria Cristianna, Geórgia e Maria da Graça, Luis Alberto, João Henrique de Barradas Carneiro e Sérgio Barradas Caneiro, os dois últimos atuam na política baiana e exerceram mandatos e cargos no Poder Legislativo e Executivo. João Henrique foi prefeito de Salvador, enquanto Sérgio Carneiro exerceu mandatos de deputado federal e vereador em Salvador, além de, atualmente, chefiar secretaria municipal em Feira de Santana. A família Carneiro mantem uma forte presença no cenário político estadual, refletindo a continuidade de um legado político que atravessa gerações e reforça o peso da influência de Durval na política da Bahia.
Compromisso com a Cultura e o Esporte
Além de sua atuação política, João Durval sempre demonstrou interesse em iniciativas culturais e esportivas na Bahia. Durante sua carreira, ele apoiou projetos que buscavam valorizar o patrimônio cultural baiano, promovendo o reconhecimento das tradições e das manifestações culturais do estado em nível nacional. Seu envolvimento nessas áreas foi uma extensão de seu compromisso com o desenvolvimento da Bahia, não apenas do ponto de vista econômico, mas também social e cultural.
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