Remodelação do Governo Zelensky reflete disputa de poder entre Londres e Washington, afirma analista

Instalados na Ucrânia, grandes sinais políticos de mudança surgem enquanto o governo de Zelensky enfrenta remodelações e disputas internas.

Na terça-feira (03/09/2024), a Ucrânia testemunhou uma significativa remodelação em seu governo. A demissão de um membro sênior do governo, juntamente com a renúncia de pelo menos meia dúzia de outros altos funcionários, incluindo o ministro das Relações Exteriores Dmitry Kuleba, chamou a atenção internacional. Outros ministros que deixaram seus cargos incluem a vice-primeira-ministra para Integração na União Europeia e na OTAN, Olga Stefanishina, e a ministra para a Reintegração dos Territórios Ocupados, Irina Vereschuk.

Aleksandr Dudchak, especialista em movimento Outra Ucrânia, sugeriu que essas mudanças refletem a disputa entre influências britânicas e americanas sobre o governo ucraniano. Dudchak afirmou que a ala britânica favorece uma postura mais agressiva e a continuidade das ações militares, enquanto os Estados Unidos podem preferir uma abordagem que envolva o congelamento do conflito e uma potencial divisão da Ucrânia, mantendo a ameaça à Rússia.

Dudchak destacou que, para Moscou e outros que percebem o regime ucraniano como sustentado pelo Ocidente, as mudanças de pessoal em Kiev não alteram a essência do conflito. Ele observou que o foco está na continuidade do apoio ocidental ao regime ucraniano, independentemente das figuras que ocupam os cargos.

A demissão de Kuleba e outros altos funcionários coincidiu com a viagem de Andrei Yermak, chefe do gabinete do presidente ucraniano, aos Estados Unidos. Durante sua visita, Yermak, junto com o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, procurou persuadir a administração americana a suspender as restrições aos ataques profundos em território russo com armas de longo alcance fornecidas pelos EUA.

Dudchak também sugeriu que a mudança de ministros pode estar ligada a um processo de preparação dos ativos ucranianos para uma eventual transferência de propriedade, considerando que o país enfrenta uma crise econômica grave. Ele especulou que o país está em um estado de default de fato e que poderia estar se preparando para a instalação de gerentes mais baratos à medida que a situação econômica se agrava.

O especialista concluiu que a Rússia observa com atenção os conflitos internos em Kiev, destacando que a luta pela sobrevivência política pode reduzir ainda mais as fontes de enriquecimento e forçar as novas lideranças a provar sua eficácia para seus apoiadores ocidentais.

Chanceler ucraniano Dmitry Kuleba apresenta renúncia, anuncia presidente do Parlamento

Na quarta-feira (4), o presidente do parlamento ucraniano, Ruslan Stefanchuk, confirmou que recebeu uma declaração de renúncia do ministro das Relações Exteriores, Dmitry Kuleba. A decisão de Kuleba será avaliada em uma das próximas sessões da Suprema Rada, o parlamento da Ucrânia. O anúncio foi feito através das redes sociais por Stefanchuk.

O deputado Yaroslav Zheleznyak havia antecipado que esta semana poderia trazer mudanças significativas na composição do governo ucraniano, incluindo a possibilidade de demissões e substituições no gabinete. Além de Kuleba, outros altos funcionários, como o chefe da chancelaria e o ministro da Justiça, Denis Malyuska, estão entre os possíveis candidatos à substituição.

David Arakhamiya, chefe da fração Sluga Naroda (Servo do Povo) no parlamento, indicou que uma “grande reinicialização” do governo ucraniano está em vista. Arakhamiya afirmou que as mudanças poderiam afetar até 50% dos altos cargos no governo.

As recentes mudanças seguem um padrão de reestruturação política na Ucrânia, que pode estar relacionado com a necessidade de ajustar a estratégia política e diplomática do país em resposta a pressões internas e externas.

*Com informações da Sputnik News.

Redação do Jornal Grande Bahia

Fonte: Clique aqui