Bashar al-Assad deixa o poder e deixa a Síria em meio a mudanças no cenário político e militar do país
O ex-presidente sírio Bashar al-Assad deixou o cargo e saiu do país após negociações com forças opositoras, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. O anúncio foi feito no domingo (08/12/2024), em meio a uma escalada de conflitos e avanços de grupos armados opositores em Damasco. Assad, que governou a Síria por 24 anos, teria instruído a transferência pacífica do poder antes de sua saída.
De acordo com a chancelaria russa, as negociações que resultaram na renúncia de Assad ocorreram sem a participação direta de Moscou, mas o país mantém contato com grupos de oposição síria. A Rússia ressaltou a necessidade de rejeitar a violência e buscar uma solução política inclusiva que respeite todas as forças étnicas e confessionais da sociedade síria.
No cenário militar, as bases russas na Síria estão em alerta máximo, embora não haja relatos de ameaças imediatas. O primeiro-ministro sírio, Mohammed Ghazi al-Jalali, afirmou que a presença militar russa será decidida pelas novas autoridades.
Paralelamente, os eventos na capital síria, Damasco, intensificaram-se no fim de semana, com a ocupação de prédios governamentais e o controle da prisão de Saydnaya por grupos opositores, que libertaram detentos. O aeroporto internacional foi desativado, com funcionários sendo retirados do local.
A ofensiva dos grupos armados opositores começou em 27 de novembro, envolvendo forças como a Hayat Tahrir al-Sham. Desde então, militantes avançaram em Aleppo e Idlib, regiões estratégicas no conflito. Aleppo foi ocupada por opositores pela primeira vez desde o início da guerra civil em 2011, marcando uma reviravolta no cenário político e militar do país.
Bashar al-Assad: A trajetória do médico que se tornou líder autoritário da Síria
Bashar al-Assad tornou-se presidente da Síria em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, que governou o país por 29 anos. Bashar, formado em medicina, foi preparado às pressas para assumir o controle do regime, uma mudança provocada pela morte de seu irmão mais velho, Bassel, em 1994. Desde o início de sua presidência, sua retórica prometia transparência e modernização, mas rapidamente foi substituída pela repressão e autoritarismo.
A guerra civil iniciada em 2011 marcou profundamente sua trajetória, com mais de uma década de confrontos que devastaram a economia, destruíram cidades e forçaram milhões de sírios a se tornarem refugiados. O conflito intensificou divisões sectárias e envolveu potências regionais e internacionais, como Irã, Rússia e Estados Unidos, além de grupos armados locais.
O regime de Assad foi acusado de crimes de guerra, incluindo o uso de armas químicas contra civis, o que gerou condenação global. Apesar disso, com o apoio militar russo, ele conseguiu recuperar territórios estratégicos e manter-se no poder. Recentemente, a crise econômica e novos avanços de grupos insurgentes, como o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), agravaram a instabilidade no país.
O cenário político e militar da Síria mudou em 2023, quando Assad enfrentou dificuldades para conter novos ataques insurgentes, em meio a um cenário de desgaste de seus aliados tradicionais, como o Hezbollah. A tomada de cidades importantes pelos rebeldes coloca em xeque a sobrevivência do regime, após décadas de governo centralizado e autoritário.
*Com informações da Sputnik News e BBC Brasil.
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Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia