Comissão da ONU afirma que ataques de Israel à “saúde reprodutiva” em Gaza são “atos genocidas”

Nesta quinta-feira (13/03/2025), uma comissão de inquérito da ONU divulgou que os ataques sistemáticos de Israel à saúde sexual e reprodutiva em Gaza configuram “atos genocidas”. A missão permanente de Israel junto à ONU, em Genebra, reagiu com um comunicado, refutando as alegações da comissão, classificando-as como “infundadas e sem credibilidade”.

A comissão destacou que Israel destruiu parcialmente a capacidade dos palestinos em Gaza de terem filhos, por meio da destruição das instalações de saúde sexual e reprodutiva. A ONU considera genocídio como um crime cometido com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A comissão acredita que dois tipos de atos constitutivos de genocídio foram observados em Gaza: “medidas destinadas a impedir nascimentos” e “imposição de condições de vida para causar destruição física”.

Navi Pillay, presidente da comissão, afirmou que ataques a instalações de saúde reprodutiva, incluindo maternidades e a principal clínica de fertilização in vitro de Gaza, juntamente com o uso da fome como método de guerra, impactaram diretamente a reprodução. A comissão observou que tais violações causaram sofrimento físico e mental imediato a mulheres e meninas e terão efeitos irreversíveis na saúde mental e na capacidade reprodutiva dos palestinos em Gaza.

A destruição da clínica de fertilização in vitro al-Basma, que armazenava milhares de embriões, foi citada como um exemplo claro da tentativa de impedir o nascimento de palestinos, o que, segundo a comissão, caracteriza um ato genocida. O relatório também aborda o impacto do bloqueio de Israel à ajuda humanitária e as condições de vida impostas aos palestinos, que a comissão considera terem sido planejadas para provocar sua destruição física.

Em resposta, o governo de Israel alegou que a comissão de inquérito estava utilizando informações não verificadas para promover uma agenda política e negou as acusações de genocídio. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu as alegações como “falsas e absurdas” e destacou que a ONU deveria focar nos crimes cometidos pelo Hamas, em vez de atacar Israel.

As acusações de genocídio contra Israel não são novas. Organizações como a Anistia Internacional e especialistas independentes da ONU já haviam acusado Israel de genocídio em Gaza. Em novembro de 2024, um comitê especial da ONU também determinou que os métodos de guerra de Israel em Gaza apresentavam “características de genocídio”.

O conflito em Gaza se intensificou após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 israelenses, a maioria civis. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva em Gaza que, de acordo com dados do Ministério da Saúde palestino, já deixou pelo menos 48.503 mortos, a maioria também civis.

*Com informações da RFI.


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Redação do Jornal Grande Bahia

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