As mudanças climáticas têm afetado significativamente a produção de alimentos no Brasil, resultando em perdas econômicas e riscos para a segurança alimentar. Estudos indicam que a produtividade agrícola pode diminuir pela metade nos próximos 25 anos, afetando a renda dos trabalhadores rurais e a economia nacional. A elevação das temperaturas, a irregularidade das chuvas e a ocorrência de eventos extremos, como secas prolongadas e tempestades severas, desafiam a produção agropecuária e a distribuição de alimentos.
Principais Fontes de Emissão de Gases de Efeito Estufa no Brasil
No Brasil, as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa estão associadas à mudança de uso da terra, incluindo o desmatamento e as queimadas, bem como à agropecuária. Esses setores têm um impacto significativo no aquecimento global, pois a remoção de vegetação nativa reduz a capacidade de absorção de carbono, enquanto a pecuária libera grandes quantidades de metano. O aumento da temperatura global compromete a fertilidade do solo e a disponibilidade de recursos hídricos, agravando os desafios enfrentados pelo setor agrícola.
Impactos na Disponibilidade de Água e na Produção Agrícola
A disponibilidade de água é um fator essencial para a agricultura. Aproximadamente 80% das perdas na produção são decorrentes de secas, estiagens e veranicos prolongados. O desequilíbrio no ciclo das chuvas impede a germinação de sementes, reduz a produtividade das lavouras e influencia o preço dos alimentos. Além disso, a expansão de áreas semiáridas e o surgimento de regiões de deserto no Brasil são indicadores alarmantes do impacto da crise climática. Sem investimentos em gestão hídrica e adoção de práticas sustentáveis, a segurança alimentar pode ser gravemente afetada.
Consequências Econômicas e Sociais
A redução da produção agrícola tem impactos diretos na economia e na sociedade. Pequenos e médios produtores são os mais vulneráveis às mudanças climáticas, pois enfrentam dificuldades para investir em tecnologias adaptativas. O aumento dos custos de produção e a menor oferta de alimentos também elevam os preços no mercado interno, afetando o poder de compra da população. Como consequência, pode haver uma maior pressão por migração das zonas rurais para as urbanas, aumentando a demanda por infraestrutura e serviços nas cidades.
Medidas de Mitigação e Adaptação
Para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, é essencial adotar medidas de mitigação, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas. Paralelamente, estratégias de adaptação incluem o desenvolvimento de variedades de cultivos mais resistentes, melhorias na infraestrutura de irrigação e a implantação de sistemas agroflorestais. Investimentos em pesquisa e tecnologia podem contribuir para aumentar a resiliência do setor agrícola frente às condições climáticas adversas.
Iniciativas Governamentais
O governo brasileiro implementou diversas políticas para mitigar os impactos climáticos no setor agrícola. A Política Nacional sobre Mudança do Clima e o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) são exemplos de programas voltados para o incentivo a práticas sustentáveis. Essas iniciativas buscam promover a conservação ambiental, a eficiência dos sistemas de produção e a adoção de soluções inovadoras para reduzir a vulnerabilidade da agricultura aos eventos climáticos extremos.
1. Fontes de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE):
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Mundo: A principal fonte de emissões de GEE é a produção de energia por meio da queima de combustíveis fósseis.
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Brasil: As emissões são predominantemente oriundas da mudança de uso do solo (desmatamento e queimadas) e da agropecuária.
2. Impactos na Agropecuária:
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Produtividade: Estima-se que, nos próximos 25 anos, a produtividade de algumas culturas possa reduzir pela metade, afetando o combate à fome, a renda dos trabalhadores rurais, as exportações e a economia nacional.
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Disponibilidade de Água: Cerca de 80% das perdas agrícolas são decorrentes de secas, estiagens e veranicos. A falta de água resulta em queda na produção e aumento dos preços dos alimentos.
3. Consequências Econômicas e Sociais:
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Preços dos Alimentos: Uma quebra de safra de 6,7% em 2023/24 pode levar ao aumento dos preços em 2024, como laranja (+48,3%), café (+39%), carne (+20,8%) e cesta básica (+11%).
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Desertificação: Nas últimas décadas, surgiu a primeira região de deserto no Brasil, com aumento das áreas semiáridas, impactando a produção de alimentos, a economia de pequenos produtores e provocando migrações populacionais.
4. Medidas de Mitigação e Adaptação:
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Mitigação: Redução das emissões de GEE por meio da recomposição de florestas, recuperação de áreas degradadas e adoção de boas práticas agropecuárias.
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Adaptação: Adoção de tecnologias sustentáveis, como sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta e biodigestão, que aumentam a resiliência da agricultura às mudanças climáticas.
5. Políticas Públicas:
- Plano ABC: O Brasil implementou o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, que promove práticas sustentáveis apoiadas pelo governo com crédito rural e assistência técnica, visando gerar renda, melhorar a produtividade, diminuir a emissão de gases e aumentar a resiliência da agricultura às mudanças do clima.
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Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia
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