Taxa de queimadas em São Paulo alcança pico raro; Autoridades investigam possível ação criminosa

O desmatamento e as condições climáticas adversas, como baixa umidade e altas temperaturas, estão exacerbando o problema.

No Estado de São Paulo, a taxa de queimadas atingiu um nível raro para o período, com registros próximos de 3.500 ocorrências. A situação provocou um aumento significativo na atividade dos bombeiros e brigadistas, que estão enfrentando um padrão de incêndios semelhante ao observado em países como Chile e Estados Unidos. Desde a última segunda-feira (24/08/2024), a cidade de Ribeirão Preto, por exemplo, recebeu 924 solicitações para combate a incêndios, um volume de ocorrências equivalente ao total registrado em um mês de estiagem grave em anos anteriores, conforme relatado pelo tenente-coronel Rafael Mendonça Maia, porta-voz do Corpo de Bombeiros local.

O aumento dos incêndios é associado a uma combinação de baixa umidade, altas temperaturas e ventos fortes, que, juntamente com o comportamento extremo das chamas, tem causado dificuldades adicionais no controle das ocorrências. O tenente Maia observou a presença de redemoinhos de poeira, que têm permitido ao fogo transpor barreiras naturais como rodovias, facilitando a propagação das chamas para áreas anteriormente não afetadas.

A investigação sobre a origem dos incêndios inclui a análise de possíveis ações criminosas. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que, embora não haja evidências conclusivas de um esquema orquestrado, essa possibilidade está sendo considerada. O biólogo e professor Ricardo Machado, da Universidade de Brasília, sugere que os indícios apontam para a possibilidade de ações deliberadas, destacando a ocorrência simultânea de incêndios em diversos locais e a época do ano, que não é habitual para um aumento tão acentuado de queimadas.

Machado observa ainda que o desmatamento intensificado contribui para o agravamento dos incêndios, pois a remoção da vegetação nativa aumenta as temperaturas e reduz a umidade relativa do ar. Dados indicam que, nos últimos 20 anos, a temperatura média do Cerrado subiu entre 2,4°C e 2,8°C, e a umidade relativa do ar caiu em 15%.

A crise de queimadas tem causado impactos significativos na saúde e no bem-estar da população. Imagens de animais mortos e a presença de fumaça pesada nas cidades têm gerado angústia entre os moradores. Sheila Portela, auxiliar administrativa, relatou dificuldades respiratórias e problemas de sono devido à qualidade do ar. Arthur Vilela, um estudante de 16 anos, também mencionou os transtornos causados pela fumaça, afetando sua rotina diária e saúde respiratória.

A situação continua a ser monitorada, com a colaboração de forças de segurança e esforços para entender as causas e mitigar os impactos dos incêndios. A população enfrenta um cenário desafiador, com a expectativa de que as investigações esclareçam a origem dos incêndios e as medidas a serem tomadas para prevenir futuros eventos.

*Com informações da RFI.

Redação do Jornal Grande Bahia

Fonte: Clique aqui